terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O ataque dos Marducks - Conto de Escrita Criativa



Conto 1

A voz que vos fala é de um andróide BV22. A Terra foi aniquilada há mais de 500 000 anos atrás e agora os continentes encontram-se à deriva numa era pós apocalíptica de final de uma guerra química.
Eu fui construído pelos Benjis, o povo que criaram a inteligência artificial que me permite narrar a história que vos vou contar. Parece um pouco estranha e notarão pouca verosimilhança com o vosso tempo actual, mas para vocês terráqueos, dos poucos que se exilaram em Marte e partiram para o espaço, é o pouco do que poderei contar.
Os Marducs, este tipo de predador alienígena continuam a proliferar sobre a Terra quando as entidades protectoras, os Dederacs se preparam para uma investida contra esse povo que tornou o planeta inabitável. Eles são aos milhões e alimentam-se de um composto químico que surgiu no mar após essa guerra química, e que se chama de massa envolvente, semelhante a uma sopa universal que lhes transmitem a força que os fazem perseguir os Benjis.
Porém nem tudo são más notícias, porque os Benjis têm vindo a ganhar mais força, e vivendo em comunidades separadas dos continentes principais, em ilhas que surgiram do deslizamento das placas tectónicas, têm vindo a sobreviver ao seu ataque, sendo protegidos pelos Dederacs.
Foi um desses Benjis que me criou a mim. Devo-lhe vassalagem, e nós andróides vivemos em paz com eles nessas ilhas do pacífico que surgiram depois de várias catástrofes ambientais.
O último terramoto, impediu até então, que os Marducks atacassem Creatra, a famosa ilha (a maior) onde vive a maior comunidade de Benjis e de andróides tal como eu que constituímos essa grande família.
Foi numa tarde em que o sol no céu se mitigava com a sua sombra quente sobre o oceano, que os Marducks tentaram atacar a nossa ilha de Serem. Eu estava a jogar um jogo na grande linha estrelar, o grande computador quântico universal que existe e que nos permite contactar com os nossos amigos terráqueos de Marte. São compostos grandiosos que foram construídos pelos terráqueos antes de abandonarem a Terra e permitem a comunicação com esse povo estrelar.
Como vos dizia, estava a jogar um jogo na grande linha estrelar quando de repente a comunicação começou a ficar difusa e o computador desligou-se. Quando espreitei os Marducks tentavam atacar a ilha nos seus grandes barcos de cruzeiro.
Eli, o meu dono, um dos Benjis aproximou-se rapidamente de mim a dizer:
- Estamos a ser atacados BV22. Prepara as tuas coisas para nos dirigirmos para a zona de protecção da ilha.
- Mas o que se passa Eli? Perguntei-lhe.
- A ilha está a ser atacada pelos Marducks. Um dos barcos de cruzeiro conseguiu atravessar a zona de coral e está-se a abarcar na ilha.
A zona de protecção é como vos vou contar, a zona da ilha, no pico mais alto, onde existem naves de viagem estrelar que tem permitido o nosso êxodo de ilha para ilha quando a última é atacada pelos Marducks.
Fiquei atónito com tal observação. O pânico instalou-se na minha mente.
Peguei nas minhas coisas, e metemo-nos na máquina de viagem automática que nos transporta de um ponto para o outro dentro da ilha.
Em poucos segundos estávamos na zona de protecção.
Lá em baixo, os Marducks, esse povo predador alienígena que se tem vindo a multiplicar como um vírus ao longo dos últimos anos, saiam do barco a uma velocidade impressionante, pois víamos lá de cima do pico, o seu plano de ataque, matando quem lhes aparecesse pela frente.
Os Dederacs, os nossos pequenos amigos que nos protegem do ataque dos Marducks, estavam naquele momento em combate com eles mas pareciam que estavam a perder. Os Marducks eram aos milhares, e apenas uma centena de Dederacs com as suas armas nos protegiam como uma barreira face ao ataque brutal dos mesmos.
Gritei por Eli, que se encontrava ao meu lado, e que para me apaziguar introduziu no meu programa um chip que me acalmava face ao perigo. Era importante que todos os Benjis da ilha entrassem dentro da nave para podermos fugir dali a qualquer momento, pois os Marducks começavam a subir a encosta rochosa dessa ilha na nossa direcção.
- Vou-te colocar o chip de protecção e ficarás mais lento BV22 mas é para teu bem. Disse-me Eli.
Respondi-lhe que colocasse o chip que seria para meu bem, e me transmitiria uma maior paz para auxiliar no que fosse preciso do nosso plano de fuga.
Os Marducks tinham aniquilado as poucas centenas de Dederacs e subiam rápido a montanha.
Eli, um dos comandantes da nave, tomou comando da operação e a nave começou a subir no céu. Todos os Benjis estavam a bordo pois tinham sido avisados com antecedência do ataque dos Marducks. Porém tinha-mos que sair dali através da nave, pois a máquina de viagem automática que funciona com um dispositivo quântico, apenas nos permitia deslocar para pequenas distâncias, e não de ilha para ilha. Dirigimo-nos então em direcção a Creatra, a maior ilha onde existia a maior comunidade de Benjis à face da Terra.
A viagem foi rápida pois a nave deslocava-se no espaço a alta velocidade.
- Em Creatra estaremos a salvo. Dizia o meu mestre.
Então Eli, pediu permissão para aterrar em Creatra onde estaríamos todos a salvo.
Do alto da nave ainda conseguimos ver a proliferação de Marducks sobre a nossa antiga ilha, que parecia estar a ser disseminada, com uma imagem de sangue e horror, e nada podemos fazer para salvar os Dederacs, os nossos protectores. Porém, esses pequenos robôs (os poucos que ainda restavam daquela chacina) cuja missão era nos proteger dos ataques dessa força alienígena, estavam nesse momento a fugir nas suas máquinas de viagem no espaço.
Aterramos então em Creatra e a salvo Eli deu-me um forte abraço. Com ele tínhamos conduzido a nave naquela pequena distância sobre o Oceano.
Mas era uma armadilha. Quando aterramos em Creatra não eram os outros Benjis que nos recebiam mas sim um poderoso exército de Marducks que tinham tomado conta da ilha, a nossa última salvação.
Se alguém ler esta mensagem que foi enviada para as colónias exteriores tome nota do que sucedeu.
Fomos aprisionados na zona das catacumbas na ilha de Creatra, construídas de propósito pelos Marducks e encontramo-nos aprisionados desde então.
Esta mensagem foi enviada para as colónias exteriores e pedimos ajuda. Alguém no espaço nos ajude para que os Benjis não sejam alvo de extinção. São uma raça muito pacífica. Para sempre esta mensagem perdurara no espaço à procura de ajuda.

FIM

Sem comentários:

Enviar um comentário