Conto 1
A voz que vos fala é de um andróide BV22. A Terra foi
aniquilada há mais de 500 000 anos atrás e agora os continentes encontram-se à
deriva numa era pós apocalíptica de final de uma guerra química.
Eu fui construído pelos Benjis, o povo que criaram a inteligência
artificial que me permite narrar a história que vos vou contar. Parece um pouco
estranha e notarão pouca verosimilhança com o vosso tempo actual, mas para
vocês terráqueos, dos poucos que se exilaram em Marte e partiram para o espaço,
é o pouco do que poderei contar.
Os Marducs, este tipo de predador alienígena continuam a
proliferar sobre a Terra quando as entidades protectoras, os Dederacs se
preparam para uma investida contra esse povo que tornou o planeta inabitável.
Eles são aos milhões e alimentam-se de um composto químico que surgiu no mar
após essa guerra química, e que se chama de massa envolvente, semelhante a uma
sopa universal que lhes transmitem a força que os fazem perseguir os Benjis.
Porém nem tudo são más notícias, porque os Benjis têm vindo
a ganhar mais força, e vivendo em comunidades separadas dos continentes
principais, em ilhas que surgiram do deslizamento das placas tectónicas, têm
vindo a sobreviver ao seu ataque, sendo protegidos pelos Dederacs.
Foi um desses Benjis que me criou a mim. Devo-lhe
vassalagem, e nós andróides vivemos em paz com eles nessas ilhas do pacífico
que surgiram depois de várias catástrofes ambientais.
O último terramoto, impediu até então, que os Marducks
atacassem Creatra, a famosa ilha (a maior) onde vive a maior comunidade de
Benjis e de andróides tal como eu que constituímos essa grande família.
Foi numa tarde em que o sol no céu se mitigava com a sua
sombra quente sobre o oceano, que os Marducks tentaram atacar a nossa ilha de
Serem. Eu estava a jogar um jogo na grande linha estrelar, o grande computador
quântico universal que existe e que nos permite contactar com os nossos amigos
terráqueos de Marte. São compostos grandiosos que foram construídos pelos
terráqueos antes de abandonarem a Terra e permitem a comunicação com esse povo
estrelar.
Como vos dizia, estava a jogar um jogo na grande linha
estrelar quando de repente a comunicação começou a ficar difusa e o computador
desligou-se. Quando espreitei os Marducks tentavam atacar a ilha nos seus
grandes barcos de cruzeiro.
Eli, o meu dono, um dos Benjis aproximou-se rapidamente de
mim a dizer:
- Estamos a ser atacados BV22. Prepara as tuas coisas para
nos dirigirmos para a zona de protecção da ilha.
- Mas o que se passa Eli? Perguntei-lhe.
- A ilha está a ser atacada pelos Marducks. Um dos barcos de
cruzeiro conseguiu atravessar a zona de coral e está-se a abarcar na ilha.
A zona de protecção é como vos vou contar, a zona da ilha,
no pico mais alto, onde existem naves de viagem estrelar que tem permitido o
nosso êxodo de ilha para ilha quando a última é atacada pelos Marducks.
Fiquei atónito com tal observação. O pânico instalou-se na
minha mente.
Peguei nas minhas coisas, e metemo-nos na máquina de viagem
automática que nos transporta de um ponto para o outro dentro da ilha.
Em poucos segundos estávamos na zona de protecção.
Lá em baixo, os Marducks, esse povo predador alienígena que
se tem vindo a multiplicar como um vírus ao longo dos últimos anos, saiam do
barco a uma velocidade impressionante, pois víamos lá de cima do pico, o seu
plano de ataque, matando quem lhes aparecesse pela frente.
Os Dederacs, os nossos pequenos amigos que nos protegem do
ataque dos Marducks, estavam naquele momento em combate com eles mas pareciam
que estavam a perder. Os Marducks eram aos milhares, e apenas uma centena de Dederacs
com as suas armas nos protegiam como uma barreira face ao ataque brutal dos
mesmos.
Gritei por Eli, que se encontrava ao meu lado, e que para me
apaziguar introduziu no meu programa um chip que me acalmava face ao perigo.
Era importante que todos os Benjis da ilha entrassem dentro da nave para
podermos fugir dali a qualquer momento, pois os Marducks começavam a subir a
encosta rochosa dessa ilha na nossa direcção.
- Vou-te colocar o chip de protecção e ficarás mais lento
BV22 mas é para teu bem. Disse-me Eli.
Respondi-lhe que colocasse o chip que seria para meu bem, e
me transmitiria uma maior paz para auxiliar no que fosse preciso do nosso plano
de fuga.
Os Marducks tinham aniquilado as poucas centenas de Dederacs
e subiam rápido a montanha.
Eli, um dos comandantes da nave, tomou comando da operação e
a nave começou a subir no céu. Todos os Benjis estavam a bordo pois tinham sido
avisados com antecedência do ataque dos Marducks. Porém tinha-mos que sair dali
através da nave, pois a máquina de viagem automática que funciona com um
dispositivo quântico, apenas nos permitia deslocar para pequenas distâncias, e
não de ilha para ilha. Dirigimo-nos então em direcção a Creatra, a maior ilha
onde existia a maior comunidade de Benjis à face da Terra.
A viagem foi rápida pois a nave deslocava-se no espaço a
alta velocidade.
- Em Creatra estaremos a salvo. Dizia o meu mestre.
Então Eli, pediu permissão para aterrar em Creatra onde
estaríamos todos a salvo.
Do alto da nave ainda conseguimos ver a proliferação de
Marducks sobre a nossa antiga ilha, que parecia estar a ser disseminada, com
uma imagem de sangue e horror, e nada podemos fazer para salvar os Dederacs, os
nossos protectores. Porém, esses pequenos robôs (os poucos que ainda restavam
daquela chacina) cuja missão era nos proteger dos ataques dessa força
alienígena, estavam nesse momento a fugir nas suas máquinas de viagem no
espaço.
Aterramos então em Creatra e a salvo Eli deu-me um forte
abraço. Com ele tínhamos conduzido a nave naquela pequena distância sobre o
Oceano.
Mas era uma armadilha. Quando aterramos em Creatra não eram
os outros Benjis que nos recebiam mas sim um poderoso exército de Marducks que
tinham tomado conta da ilha, a nossa última salvação.
Se alguém ler esta mensagem que foi enviada para as colónias
exteriores tome nota do que sucedeu.
Fomos aprisionados na zona das catacumbas na ilha de
Creatra, construídas de propósito pelos Marducks e encontramo-nos aprisionados
desde então.
Esta mensagem foi enviada para as colónias exteriores e
pedimos ajuda. Alguém no espaço nos ajude para que os Benjis não sejam alvo de
extinção. São uma raça muito pacífica. Para sempre esta mensagem perdurara no
espaço à procura de ajuda.
FIM
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