As aulas do mocho
sabichão eram sempre muito alegres e divertidas. O mocho arranjava sempre
esquemas para explicar aos animais do bosque a gramática do estudo da língua
humana. Eles aprendiam essa língua para que na floresta mágica pudessem falar o
humanés, que era o nome dado a língua falada pelos humanos. E eram tão
divertidas, tão divertidas que todos eles se fartavam de rir quando o mocho
contava as suas histórias.
As aulas eram
lecionadas no terreiro junto ao largo das laranjeiras, no meio do bosque. Os
troncos velhos de árvores já caídas da floresta serviam de mesa e cadeiras para
que eles se pudessem sentar. Por outro lado, as notas eram escritas em pedaços de
papel de sebenta que o mocho sabichão tinha comprado na loja da Dona Raposa,
que vendia material escolar para os habitantes da floresta. A Dona Raposa tinha
um franchising desse género de
produtos. Por outro lado, já se tinha internacionalizado para outras zonas da
floresta, tendo um negócio muito lucrativo na venda de material escolar. Isso
devia-se ao facto de os animais terem muita vontade de aprender o humanés.
Certo dia, o mocho resolveu explicar os substantivos coletivos, que era o nome
dado aos nomes que indicavam uma pluralidade de seres da mesma espécie, ou uma
coleção.
- Olá meus caros
bom dia! Exclamou o mocho dirigindo-se à plateia de animais. – Hoje iremos
falar dos substantivos coletivos!
- O que é isso, o
que é isso? Perguntou o sapo lá ao longe, que estava sentado na terceira fila e
fazia muito barulho a mastigar uma pastilha.
- Bem, é isso que
vos vou explicar. Os substantivos coletivos são…
De repente é
interrompido pelo papagaio que tinha chegado atrasado á aula.
- Desculpe o
atraso professor mocho, mas estive a tratar de uma tradução de língua humaneza.
Desculpe o atraso. O papagaio era um dos melhores alunos da aula e já fazia
traduções do humanés.
- Não faz mal, não
faz mal! Como eu estava a dizer… continua o mocho quando é interrompido
novamente, agora pela coruja.
- Piu professor
mocho. Quantos tipos de substantivos é que existem hem? Disse a coruja com um
piar ligeiramente rouco porque andava mal da garganta, e já tinha tomado
pastilhas para a tosse.
- Bem, já que
pergunta são… Ia dizer o mocho quando é interrompido novamente pelo jacaré que
pergunta.
- Professor mocho,
posso ir à casa de banho, posso?
Finalmente o mocho
diz.
- Podes ir sim,
mas se me continuam a interromper não vou poder explicar os substantivos coletivos…
- Desculpe
professor mocho. Diz a Iguana interrompendo-o novamente. – Mas você hoje não ia
explicar os adjetivos. Como era mesmo… O sotaque da iguana era meio abrasileirado
e ela falava com a língua em s. Assims, e por ai adiante.
- Não dona iguana,
hoje irei explicar os…
É novamente
interrompido pelo leão, que faz um longo rugido.
- Grrrr…. Desculpe
professor mocho, é o meu estomago a rugir, porque hoje ainda não comi nada.
E o professor
mocho lá teve que fazer uma pausa para os animais irem tomar o pequeno-almoço.
Passado um quarto
de hora, o professor mocho chama novamente os animais da floresta.
- Venham meninos
que tenho de explicar-vos os substantivos coletivos.
E os animais
entraram de mansinho na aula á espera da explicação do professor.
- Professor mocho
conte uma história, conte! Por favor. Disse baixinho o periquito que se
encontrava sentado num ramo de uma árvore.
- Bem está bem, eu
conto, mas só se tiverem muito quietinhos. Exclamou o mocho com uma voz
ternurenta.
- Nos ficamos
muito, muito quietinhos. Respondeu o gato que se encontrava cheio de atenção
sentado no tronco da primeira fila.
- Então é assim.
Começa o mocho. Eu conto se me disserem quantos substantivos coletivos
encontram na história.
- E o que são os
substantivos coletivos. Perguntou novamente o gato.
- São os nomes que
indicam uma pluralidade de seres da mesma espécie ou uma coleção.
- Muito bem.
Responde o leão, que já tinha tomado o pequeno-almoço e se sentia com o
estomago aconchegado.
- Era uma vez um humano
que tinha uma voz muito grossa e falava axim. Certo dia, no meio da multidão
havia um cego que pedia esmola. O homem aproximou-se dele e deu-lhe uma moeda
de um euro. O cego perguntou-lhe se ele tinha boa visão, porque a dele era
turva e só conseguia ver sombras à sua frente. Tinha pena de ser assim, porque
não podia ver as estrelas no céu, nem olhar para o mar. O homem perguntou-lhe.
É cego há muito tempo? E o cego respondeu que tinha cegado já era um rapazote,
mas que ainda permanecia em si a lembrança de ver as constelações no céu à
noite. O homem que falava axim, teve muita pena do cego e sentou-se a seu lado.
Descreva-me o mar. Perguntou o cego ao homem. O homem respondeu que o mar era
como pintar o céu de um azul brilhante e que o imaginasse com uma palete de
cores cinzenta, quando caia a noite no céu. Deve ser uma visão muito linda.
Exclamou o cego. De facto assim o era, mas ele não podia ver, nem as suas
palavras podiam descrever a beleza daquela paisagem.
Os animais estavam
fascinados com a história do mocho e interromperam-no para dizer-lhe que
palavras representavam os substantivos coletivos.
O leão começou.
- A palavra
multidão é um substantivo coletivo senhor professor mocho?
- É sim! Muito bem
visto leão! Exclamou o mocho.
- E a palavra constelações?
Perguntou o papagaio que ouvira a história com atenção.
- É sim senhor,
muito bem papagaio.
- A palavra palete
também o é? Perguntou o jacaré.
- Sim senhor,
também é! Exclamou novamente o mocho.
E ficando contente
por os animais terem adivinhado os substantivos coletivos, distribuiu rebuçados
de mentol por todos eles. A lição tinha sido um sucesso.
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