Estamos no Outono.
As folhas caem das árvores
criando
pedaços de raízes imersas de braços abertos para o céu,
enquanto a luz do sol
quebra e estala as folhas caídas no chão.
Sinto os teus passos.
Vens atrás de mim para contar um
segredo.
Murmuras com tua face junto à minha,
encostando os teus
lábios junto aos meus,
e dizendo que lá fora chove lentamente,
como se as
nuvens tivessem lágrimas
para derramar sob os nossos corpos.
Dizes para ir
contigo e eu aceito.
Na chuva, os nossos corpos abraçam-se e vibram dançando.
Pego
na tua mão e tu encostas o queixo no meu ombro.
Olho-te nos olhos
demoradamente e digo-te que te amo.
Sorris. Um sorriso que parece quebrar todo
o vento
que imerge plano sob os nossos rostos,
encobrindo o nosso ser.
E chove.
As gotas caem incólumes sob as nossas cabeças e
permanecem assim recônditas,
aguardando
que abanemos as árvores e
supliquemos que nos protejam da intempérie.
E
dançando contigo,
rodopiando,
sinto-me imerso numa sensação de paixão
como
nunca assim o estive.
Dançamos e sorrimos até ao fim da noite,
que caindo na
terra cria um deserto de tom escuro que nos acolhe,
cheirando a terra molhada.
Deixou de chover.
Pego na tua mão e fazes uma vénia,
agradecendo esse doce
momento,
e regressamos a casa.
Ocultando aquela tarde noite de Outono,
em que a noite
sacode as folhas caídas no chão,
e nós imersos no nosso mundo, somos só nós, tu
e eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário