quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Outono



Estamos no Outono. 
As folhas caem das árvores 
criando pedaços de raízes imersas de braços abertos para o céu, 
enquanto a luz do sol quebra e estala as folhas caídas no chão.
Sinto os teus passos. 
Vens atrás de mim para contar um segredo.
Murmuras com tua face junto à minha, 
encostando os teus lábios junto aos meus, 
e dizendo que lá fora chove lentamente, 
como se as nuvens tivessem lágrimas 
para derramar sob os nossos corpos. 
Dizes para ir contigo e eu aceito. 
Na chuva, os nossos corpos abraçam-se e vibram dançando. 
Pego na tua mão e tu encostas o queixo no meu ombro. 
Olho-te nos olhos demoradamente e digo-te que te amo. 
Sorris. Um sorriso que parece quebrar todo o vento 
que imerge plano sob os nossos rostos, 
encobrindo o nosso ser. 
E chove. 
As gotas caem incólumes sob as nossas cabeças e 
permanecem assim recônditas, 
aguardando que abanemos as árvores e 
supliquemos que nos protejam da intempérie. 
E dançando contigo, 
rodopiando, 
sinto-me imerso numa sensação de paixão 
como nunca assim o estive. 
Dançamos e sorrimos até ao fim da noite, 
que caindo na terra cria um deserto de tom escuro que nos acolhe, 
cheirando a terra molhada. 
Deixou de chover. 
Pego na tua mão e fazes uma vénia, 
agradecendo esse doce momento, 
e regressamos a casa.
Ocultando aquela tarde noite de Outono, 
em que a noite sacode as folhas caídas no chão, 
e nós imersos no nosso mundo, somos só nós, tu e eu.

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